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Por: Leandro Ranodel
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A imortalidade
permeia o imaginário humano desde que a inquieta serpente resolveu tentar a
pobre Eva com a famigerada maçã. Muitos desconhecem, mas Eva e Adão provaram
apenas do fruto do conhecimento, não tocaram na segunda maçã que lhes proporcionaria
a vida eterna. Por fim, acabamos por malograr esse intento. Outras mitologias
também se valeram desse simbolismo.
Os egípcios,
como é sabido por todos, se valeram de complexo ritual fúnebre (livro dos
mortos) para auxiliar o espírito do faraó na jornada pelo "submundo",
até passar pelo julgamento da deusa Maat (pesagem na balança dos feitos do
morto em vida) e assim seguir para os Campos Elíseos (paraíso). O mundo grego
nos legou o "Jardim dos Imortais" ou "Jardim das
Hespérides", com suas sete ninfas que guardavam a "Árvore da
Imortalidade". Nela cresciam árvores que davam pomos de ouro que tinham a
propriedade de conceder a fonte da juventude (vida eterna) para quem as
comesse.
Apesar do mito
dos vampiros remontar às civilizações: Mesopotâmica, Hebraica, Grega e Romana,
foi mais recentemente na Europa do século XVIII que o mito como conhecemos se
iniciou. O vampirismo foi muito bem difundido dentro da cultura pop moderna. Esses
seres sombrios, a despeito de não poderem se expor à luz do sol e ter dieta a
base de sangue, gozam do "privilégio" de poderem viver por toda a
eternidade. Aqui a imortalidade cobra o alto preço de viver pelas sombras da
restrição para poder desfrutá-la.
Outras formas
mais místicas de aquisição da tão desejada imortalidade existem, através do
processo de metempsicose (passagem do espírito de um corpo para outro), espécie
de reencarnação horizontal, isto é, a troca de corpo do espírito numa mesma
vida. Dizem que alguns poucos gurus escolhidos do Tibete e da Índia dominam
essa "divina ciência" que chamam de Trong Jarro (transferência e
inspiração). Afirma-se que os adeptos dela poderiam deixar seus próprios corpos
e assumirem o de outra pessoa, seja, ou não, de forma consentida. Estamos
diante da possibilidade da imortalidade advinda da entrada da alma do corpo
moribundo para outro mais jovem. Esse último obviamente seria levado a óbito
após ter a alma expulsa do corpo. Surreal!
Há aqueles que
irão dizer que a imortalidade é possível com a ressurreição da alma (estão
certos também). Optei, entretanto, devido à polêmica, dar ênfase ao conceito de
imortalidade material: o famoso Highlander dos filmes, o invicto de corpo e
alma. A ciência já aponta para a real possibilidade da vida se protrair pelo
tempo. Já há estudos e pesquisas que cuidam do tema "Imortalidade
Biológica". Especialistas afirmam que em futuro próximo (poucas décadas) mais
homens e mulheres alcançarão idades próximo aos cento e vinte anos. A criogenia,
que é o congelamento do corpo para suposto futuro combate a CAUSA MORTIS do
"de cujos" também já foi muito comentada. O próprio Walt Disney, diz
a lenda urbana, teve seu corpo congelado em 1966 após ser acometido por um
câncer de pulmão e por isso teria se valido dessa técnica para reanimação futura.
Eu lhes
pergunto: queres a imortalidade para quê? Pelo poder palaciano dos faraós do
Egito ou para vagar pelos becos e catacumbas escuras de Nosferatu? Que glória
alcançaríamos, eras após eras, enterrando amigos e entes queridos numa dança
fria e estéril? Estamos diante do maior feito que o homem poderia conquistar na
face da Terra; perdurar. Porém nada disso goza de qualquer significado
positivo, se não o compartilhamos. O que está em jogo não é o quanto se vive,
mas como. Realmente não há poder ou bem maior do que saber compartilhar a vida.
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